Existe um acorde que ajuda muito a identificar em qual campo harmônico estamos e para qual poderá haver uma modulação.
Nesta aula eu falo sobre os acordes de dominantes, campo harmônico maior, campo harmônico relativo menor, tonalidade homônima e paralela.
Para facilitar o aprendizado eu utilizei para análise a música “Ciumenta” da dupla Cezar Menotti e Fabiano. É uma música simples mas que ajuda a entender todos os aspectos harmônicos abordados na aula.
Campo harmônico maior e relativo menor
Todo campo harmônico maior tem um campo harmônico “irmão”, ou seja, um campo harmônico que contém os mesmos acordes mas com uma roupagem diferente no sonoridade. Chamamos esse novo campo harmônico de relativo menor.
Para montar o campo harmônico relativo menor basta começar a sequência estrutural pelo sexto grau menor de qualquer campo harmônico maior.
Exemplo da aula:
O Acorde de Dominante (maior com sétima menor)
Podemos reparar que geralmente é muito utilizado um acorde maior com sétima menor no quinto grau do campo harmônico maior. O acréscimo de uma sétima menor num acorde maior acaba gerando um intervalo dissonante que é chamado de trítono.
Esse intervalo é um dos mais “conflitantes” para a sensação auditiva. Portanto, há uma necessidade de resolução desse “conflito”. Como de costume essa “dominância” sonora gerada por conflito de ondas (batimentos) é resolvida num acorde de primeiro grau do campo harmônico maior.
Movimento harmônico comumente utilizado:
V7 – I
Acorde de Dominante no campo harmônico menor
Na harmonia tonal o acorde de dominante também é utilizado no campo harmônico menor mesmo que ele não faça parte do conjunto de notas disponível inicialmente na escala.
Bom, é sempre bom lembrar que a teoria musical é toda construída não apenas em cálculos matemáticos, mas é levada em consideração sempre a sensação sonora que os movimento harmônicos causam nos espectadores. Por esse motivo, os músicos utilizam o quinto grau do campo harmônico menor com um acorde de dominante para gerar “a mesma” sensação sonora de resolução dada pelo movimento V7 – I no campo harmônico maior.
Movimento harmônico comumente utilizado também no campo harmônico menor :
V7 – Im
DICA DO ACORDE DOMINANTE
Quando é encontrado um acorde maior com sétima menor (dominante) possivelmente ele terá uma resolução num acorde de primeiro grau tanto maior ou menor.
Interprete ele como sendo o quinto grau de algum campo harmônico, assim você sempre saberá para qual tonalidade a próxima secção da música estará modulando.
Aplicando o conhecimento – análise da música “Ciumenta” de Cezar Menotti e Fabiano
Harmonia do verso em Ré menor:
Harmonia do refrão em Ré maior (tonalidade homônima/paralela):
TONALIDADE HOMÔNIMA OU PARALELA
Chamamos as tonalidade homônimas ou paralelas aquelas que tem a mesma nota do primeiro grau, mas o modo é diferente. Exemplo: Dó maior é a homônima de Dó menor.
Modulação para tonalidades homônimas (paralelas)
Como o acorde de dominante de quinto grau é utilizado tanto no campo harmônico maior ou menor a modulação pode ser feita rapidamente para a tonalidade paralela, como visto no refrão dessa música de exemplo.
Empréstimo modal
Para finalizar a análise dos acordes do refrão da música é observável que existe um acorde que não faz parte do campo harmônico de ré maior. Esse acorde é o Dó maior.
Se observamos este acorde ele faz parte do campo harmônico de ré menor e já apareceu no verso da música. Portanto, quando isso acontece chamamos esse acorde de empréstimos modal, ele foi praticamente “emprestado” do modo menor.
A utilização de acordes de empréstimo modal depende muito do compositor arranjador, não é uma tarefa fácil encaixar acordes de outros modos sem estar num contexto cadencial. Por isso, é importante sempre ter boas referências e analisar muitas músicas para não cometer erros com aplicação dos conceitos teóricos.
Lembre-se: na dúvida, feche os olhos e ouça tudo o que a harmonia está te dizendo.
Obrigado e bons estudos.
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